Está na hora de fazer um desmame ou uma transição energética

Está na hora de fazer um desmame ou uma transição energética

 

A Guerra é terrível, não há qualquer dúvida disso. São muitas as noites que sonho com imagens dos pais, irmãos, a terem de ficar a lutar enquanto mulheres e crianças fogem com o coração nas mãos, sem terem qualquer noção de como vai ser o dia de amanhã. Sei que muitas pessoas, tal como eu, têm vivido dias de sobressalto, ansiedade, tristeza e acima de tudo impotência.

Mas a Guerra é também o momento para grandes avanços tecnológicos e disruptivos, como nos tem mostrado a História. A própria internet nasceu assim, e alterou para sempre a nossa vida.

Este conflito vem proporcionar uma oportunidade de alterar a forma como consumimos energia. E a dependência europeia do petróleo e do gás russos pode ter aqui a oportunidade de transição energética ou mesmo de redução do consumo.

Todos os dias, desde que começou a guerra, aumentam os preços do gás, e a possibilidade de aumentar ainda mais os preços é uma das armas russas em cima da mesa contra o ocidente.

Com este aumento abrupto dos preços, o investimento vira-se inevitavelmente para investigação e desenvolvimento de novas fontes energéticas.

O desenvolvimento das energias renováveis será obrigatório, acelerando o plano europeu de descarbonização.

Mas receio que, ainda que se aposte nas energias renováveis, leve anos até chegarmos aos mesmos níveis de produção que satisfazem o consumo atual. Porque trocar combustíveis fósseis ou rotas de fornecimento por outras apenas vai permitir trocar uma dependência por outra.

As empresas de combustíveis fosseis têm uma influência muito grande sobre os governos, uma vez que a economia tal como a conhecemos assenta nesse consumo continuado. Mas este pode ser o momento único para esta transição.

Uma coisa que a pandemia nos mostrou é que é possível. Nunca o céu foi tão azul, como alguém me disse na altura. O que precisamos fazer para o resgatar?

Toda a sociedade de forma coordenada pode fazê-lo, apostando nos transportes públicos, e nas bicicletas, e tornando o teletrabalho o normal; instituir formas de economia de energia nas casas; eletrificar casas e escritórios; diminuir o consumo, equilibrando as disparidades energéticas ainda existentes.

Se, para conquistarmos a nossa independência de energia face à Rússia, vamos ser obrigados a mudar a economia e o consumo, então que o façamos já de modo a acelerar as nossas metas de descarbonização, livres de fornecedores de combustíveis fósseis.