Afinal, o que é a Macrobiótica?

Afinal, o que é a Macrobiótica?


Os princípios de uma grande vida.

A palavra é relativamente bem conhecida em Portugal, porém a interpretação do que esta é ou deixa de ser pode ser errónea. Quando pensamos em Macrobiótica muitos de nós pensam em alimentação, correto? Mas será que se trata apenas disso?

AFINAL, O QUE E A MACROBIÓTICA?
Contrariamente a alguns juízos de valor, a Macrobiótica não é exclusivamente um regime alimentar. Trata-se sim de um estilo de vida que tem como propósito ajudar-nos a desenvolver o nosso potencial, ao permitirmos que as leis da natureza sejam como uma bússola e nos orientem quanto às nossas escolhas individuais: alimentação, atividade física, respiração, pensamentos, emoções e até as relações com o nosso semelhante. Mas é também compreender que cada um de nós faz parte de uma Ordem Natural de seres e fenómenos na qual estamos inseridos e em simbiose e, por isso, assumir com amor, respeito e responsabilidade essa maravilhosa dádiva.

É, no fundo, uma filosofia de vida e uma vivência regida pelo equilíbrio. Um olhar e uma ação de consciência holística de quem somos, onde estamos e como escolhemos ser e estar na vida.

GRANDE VIDA!
A palavra Macrobiótica tem a sua origem etimológica nas palavras gregas “makro” – grande ou longa – e “bios”- vida ou forma de vida, ou seja, “grande vida”. E atenção que não se trata de quanto tempo vivemos, mas a forma como escolhemos viver. Não é uma questão de longevidade, mas a capacidade de saborearmos a vida e vivê-la de forma harmoniosa e plena.

O termo já havia sido mencionado por vários filósofos gregos como Hipócrates, que nos deixou a tão celebre frase “que o alimento seja o teu medicamento", e a Macrobiótica – muito embora tenham sido tomadas posições um pouco diferentes, mais ou menos rígidas sobre os seus princípios e práticas ao longo da história – considera a alimentação um pilar fundamental.

Baseada na sabedoria ancestral, em ensinamentos milenares e em tradições orientais e ocidentais, a Macrobiótica Moderna centra-se em temas como a filosofia oriental, cuidados de saúde, culinária, diagnóstico oriental, ecologia e sustentabilidade.

PRINCÍPIOS BÁSICOS QUE REGEM A ALIMENTAÇÃO MACROBIÓTICA
Agora que está esclarecida a palavra Macrobiótica e o que ela representa, podemos passar para alguns dos princípios básicos que regem este estilo de vida do ponto de vista alimentar:

• Conhecermo-nos a nós mesmos | Caracteristicas Biológicas e Condição Individual
A estrutura da espécie humana diz-nos muito sobre quem somos. Apesar de termos a capacidade de ingerir tudo, estamos designados para comer maioritariamente alimentos de origem vegetal, em particular cereais e vegetais. A nossa dentição, o comprimento do nosso intestino e o pH alcalino do nosso sangue são provas disso.
Mas também não nos devemos esquecer da nossa condição individual. É importante conhecermos o nosso próprio corpo, estarmos atento aos seus ciclos e adequarmos a alimentação às nossas necessidades em constante mutação.

• Alinharmo-nos com a Natureza | Viver com as Estações do Ano e Adaptar ao Meio
A Natureza é feita de ciclos e, se nós somos o seu fruto, a nossa vitalidade é cultivada pela sua observação e pelo nosso constante alinhamento com ela. Porque dependemos e fazemos parte de uma Ordem Perfeita, a melhor forma de nos adaptarmos é permitirmo-nos observar os seus ritmos naturais e viver em sintonia com eles.

Embora possamos saborear morangos fora da sua época ou delícias provindas de países tropicais, ingerir alimentos “fora do tempo e espaço” pode confundir o nosso organismo, desafiar a sua capacidade de adaptação e, desde modo, fragilizar a nossa saúde.

É verdade que devemos procurar que a nossa alimentação diária espelhe, tanto quanto possível, a ordem das estações e ser adaptada ao clima em que vivemos. Desta forma, será mais fácil vivermos em harmonia com o ambiente e fluir em consonância com ele.

Mas também é verdade que a Macrobiótica não se trata de regras, restrições ou inflexibilidades. Muito pelo contrário. Ela observa contextos. Muito embora a nossa estrutura biológica enquanto espécie e enquanto seres individuais nos dê pistas valiosas, a Macrobiótica permite-nos perceber, sem julgamentos, aquilo que precisamos de acordo com a nossa condição e o efeito que os alimentos têm sobre nós.

• Adaptarmo-nos a Impermanência | Energias Yin e Yang
Quem não conhece a representação que faz lembrar dois peixes, um com um olho preto e outro com o olho branco? O ponto negro ou o ponto branco em cada uma das extremidades significam que não existe uma situação totalmente yin ou yang. São polaridades complementares.

Todos os fenómenos têm qualidades energéticas, yin e yang, e a harmonia surge quando equilibramos estes pólos. Estas duas forças também influenciam os alimentos que, por sua vez, influenciam a nossa qualidade vibracional e, consequentemente, a nossa perceção do mundo.

Sabias que há alimentos considerados mais yang que criam uma atitude mais ativa, dinâmica e extrovertida e outros mais yin que criam uma atitude mais gentil, refletida e estética? Mas atenção! Procura ficar longe dos alimentos

excessivamente yang (sobretudo os de origem animal), porque contribuem para um carácter mais agressivo, impaciente e dominador ou daqueles demasiado yin se não te queres sentir mais passivo, depressivo e dependente.

Assim sendo, escolhe alimentos “mais centrados”, dando preferência aos cereais e vegetais. E como diria um bom amante de clichês, não deixando de ser verdade, “´é tudo uma questão de equilíbrio”.

• Cuidarmos da nossa Casa | Ecologia, Sustentabilidade e Ambiente
Fala-se muito na sustentabilidade do ambiente, mas pouco sobre a sustentabilidade do corpo. Como não poderia deixar de ser, e porque se estás a ler isto já deves ter percebido: tudo está relacionado com tudo.

Porque internamente nós também temos um ecossistema para cuidar, precisamos de olhar para a nossa ecologia interna, nutrirmo-nos com alimentos equilibrados, otimizar a nossa energia para, e por acréscimo, tomarmos decisões mais conscientes, estarmos aptos para fazer diferença no mundo, por mais pequena que seja e, eventualmente, inspirar os outros nesse sentido.

A vida na terra desenvolve-se através de uma reciclagem constante. A impermanência está no mundo e em nós porque somos parte dele. E porque sabemos que a sustentabilidade começa em nós e aquilo que fazemos naturalmente influencia o que e quem está à nossa volta, podemos sempre usar essa capacidade para, com compaixão, inspirarmos os outros e fazer despertar mudanças mais sustentáveis.

 

PARA REFLETIR

São os alimentos que nos dão o sustento, a saúde para vivermos a vida em todo o seu esplendor e termos a sensibilidade de percecionarmos o mundo. Basta pensarmos que a alimentação faz também parte de um ciclo: os alimentos mais equilibrados criam sangue novo e de melhor qualidade, que alimenta as nossas células e órgãos, modificando o nosso sistema nervoso e a nossa perceção sobre o mundo que, por sua vez, leva-nos a que, de forma mais clara, façamos escolhas mais conscientes em prol do nosso bem-estar, dos outros e do nosso meio.

Já alguma vez tinhas pensado nisto?

Temos o livre arbítrio para escolhermos comer e viver como quisermos, mas não nos podemos esquecer que há uma responsabilidade inerente em cada uma das escolhas que fazemos.

Escolher viver a “Grande Vida” é escolher o respeito pelo EU, pelo NÓS e pelo TODO.