O Dia da Mãe começou nos Estados Unidos, durante o século XX, com Anna Jarvis, cuja mãe sempre expressara o desejo de ter um dia dedicado a si. Após a sua morte, Anna começou um movimento para levar à comemoração do dia. Por todo o mundo, esta data é celebrada em diferentes dias e meses. Mas, antes desta data, já houve muitas celebrações tradicionais de mães e maternidade ao longo de milhares de anos – desde o culto grego a Cibele, a deusa mãe Réia ou o festival romano de Hilaria.
A verdade é que a própria Natureza tem como representação a Mãe – Mãe Terra, ou Mãe Natureza, são personificações da natureza que se concentra nos aspectos da dádiva de vida, tornando-se a Natureza na forma da mãe.
Isto leva-nos a pensar que a nossa casa – a Terra – está intrinsecamente ligada às Mães, à maternidade; ambas são capazes de gerar nova vida, de se regenerarem e ensinarem uma mão cheia de coisas a quem acabou de nascer. E no que toca a tomar decisões sustentáveis, que cuidam do ambiente, conseguimos perceber que, por vezes, as mulheres que acabaram de se tornar mães, ou que estão a caminho de ter filhos, começam a ter uma perspectiva diferente sobre a Natureza e aquilo que as rodeia.
O PAPEL DA MÃE NA SUSTENTABILIDADE
Como já falámos aqui no Dia da Mulher, existem estudos que provam que as mulheres têm um papel mais activo e mais forte no que toca à sustentabilidade. Não apenas porque, muitas vezes, são quem toma as decisões em termos de logística e compras em casa, mas também porque ser sustentável é muitas vezes visto como “algo mais feminino”. Mas, quando a mulher se torna também mãe, este papel activo em questões ambientais deixa de ser uma preocupação da mulher, e passa a ser quase uma exigência da sociedade.
“Como as mulheres controlam muitas decisões relacionadas com o consumo doméstico, as mães são vistas como as maiores consumidoras de novos produtos verdes, desde eletrodomésticos e lâmpadas eficientes a materiais de limpeza e brinquedos não-tóxicos. E porque são elas quem toma as decisões, elas também são implicitamente chamadas a resolver a crise ambiental do planeta. As mães devem ser mobilizadas para proteger os seus filhos da crise ambiental que estão presumidamente a criar. Dizem-lhes para sustentar os seus filhos, mas também protegê-los de ambientes tóxicos – estando assim a lutar em duas frentes. Como as indústrias e o governo não conseguem cuidar das famílias, as mães têm de fazer essa compensação.” (RAY, SARAH JAQUETTE, How Many Mothers Does ItTake to Change All the Light Bulbs? – The Myth of Green Motherhood)[1]
Quando falamos com mulheres que foram recentemente mães, ou que ainda estão grávidas, é possível perceber que existe uma preocupação em tomar melhores decisões, mais sustentáveis e mais conscientes. As fraldas são sempre dos assuntos mais falados – quais serão as melhores, as descartáveis ou reutilizáveis? Mas o que também conseguimos facilmente perceber é que as mães, ao falarem nestas questões, pensam maioritariamente no bem-estar dos filhos – e não necessariamente na sustentabilidade. [2]
Por exemplo: as mães preferem produtos de limpeza mais “verdes” porque se preocupam na exposição dos seus filhos a produtos químicos. Preferem caminhar a andar de carro (no que toca a viagens curtas) porque é um bom exercício e se torna mais conveniente. Querem poupar energia porque isso lhes vai poupar dinheiro – pois os gastos com um recém-nascido nunca são poucos.
Ou seja, inconscientemente, as mães acabam por optar por comportamentos mais sustentáveis – mas, regra geral, não porque os associam a sustentabilidade, mas sim a conforto e segurança dos seus filhos.
PASSAR CONHECIMENTO
Na realidade, o grande momento de transformação e associação de uma Mãe ao mundo da sustentabilidade vem no momento de passar aos seus filhos informação sobre hábitos mais sustentáveis.
E, regra geral, as mulheres que foram mães há pouco tempo são inundadas com informações de todos os lados sobre tudo que existe; “o melhor para isto, a forma mais segura para aquilo, a dica mais útil”. No entanto, nem sempre é fácil encontrar quem partilhe as escolhas mais “ecologicamente corretas” que se pode fazer enquanto mãe.
• Descobre o mundo das compras em segunda-mão:
As mães procuram sempre escolher a melhor opção possível os seus bebés. No entanto, dada a rapidez com que as crianças crescem e passam pelas fases de desenvolvimento nos primeiros anos, muitas das escolhas acabam por ser supérfluas.
Sempre que puderes, tenta perceber se aquilo que procuras poderá ser comprado em segunda-mão, ou até se poderás pedir emprestado à família e amigos. Desta forma, conforme a criança for crescendo também estarás a passar-lhe a informação de que a reutilização é muito importante, especialmente em itens que ainda estão novos e em óptimas condições.
• Escolhe opções abertas:
Quando os bebés nascem, são uma “folha em branco”; estão prontos para absorver toda a informação e aprender facilmente tudo o que lhes ensinas.
Facilmente ouvimos mães dizerem que as crianças se interessam mais pelas coisas da cozinha do que pelos brinquedos caros que lhes foram oferecidos. As crianças usam a sua imaginação e brincam com tudo o que encontram. A melhor (e sustentável) coisa a fazer é, portanto, escolher opções abertas para as crianças explorarem. Deixa-as inventar os seus próprios jogos, em vez de tentar ativamente encontrar atividades para as crianças acumularem a toda a hora. Deixa que se liguem à natureza fora dos limites de casa e longe dos ecrãs.
• A educação é a chave:
Uma criança que, desde pequena, se liga à natureza, conhece a importância de cada pequeno animal e planta que existe e que é ensinada a cuidar da natureza como cuidamos dos nossos bens materiais será um adulto que irá cuidar do planeta!
Por isso, na hora de educar, procura ter estas questões em conta. Existem cada vez mais livros infantis, com escrita adequada a cada idade, em que se fala da importância de proteger o planeta, assim como séries e filmes de animação para crianças. Mesmo que mores numa cidade, longe do campo e de uma natureza mais “à vista”, poderás mostrar aos teus filhos o grande mundo que nos envolve!
Acima de tudo, sabemos que as Mães são um grande veículo de conhecimento, e que nos primeiros anos de vida das crianças podem ter um papel fundamental em passar os ideais sobre como cuidar do planeta. Mas não nos devemos esquecer nunca de que esse papel reside em todos nós - pois da mesma forma que queremos cuidar das nossas Mães, para que nunca lhes falte nada, também temos de cuidar da Mãe Terra.
Fonte:
[1] https://jarm.journals.yorku.ca/index.php/jarm/article/view/32358/29473
[2] https://theconversation.com/does-becoming-a-mother-make-women-greener-19390
Comentários