A plantação de árvores é um elemento central do restauro da paisagem, pese embora não seja o único. Existem soluções com base na natureza, implementadas em larga escala, que podem intervir de forma holística para travar os grandes drivers da desflorestação, conversão e degradação das paisagens florestais. Quando executadas corretamente, estas soluções podem gerar benefícios consideráveis para as pessoas, para a natureza e para o clima.
Sempre que possível, estas iniciativas de restauro da natureza devem ser incorporadas numa estratégia global, jurídica ou nacional, ancoradas em dados científicos sólidos e sob a alçada e apoio de grupos de interesse que confiem nos benefícios que estas soluções podem alcançar. Esta é também a forma de atrair financiamento privado para estes projetos, apoiado por diferentes intervenientes, para garantir a credibilidade e sustentabilidade para investimentos posteriores.
Em Portugal tem havido várias iniciativas no rescaldo dos incêndios de 2017 que têm usado esta abordagem mas que necessitam de ser amplificadas de forma a acelerar a adaptação da paisagem às alterações climáticas em curso e de promover um desenvolvimento rural mais sustentado que permita fixar capital humano no interior do país.
Na mesma medida, a plantação de árvores também tem um papel central na criação de cidades mais sustentáveis e na transição destas para os desafios colocados aos grandes aglomerados urbanos.
As populações urbanas valorizam cada vez mais a existência de espaços verdes, a diminuição da poluição, uma maior qualidade do ar e a diminuição da pressão urbanística provocada por novas edificações. Para tal é necessário que se continuem a plantar árvores em diferentes lógicas, como cordões verdes ao longo das principais artérias viárias e redução das faixas de rodagem, criação de florestas urbanas rápidas e biodiversas com elevada capacidade de fixação de carbono em terrenos abandonados ou devolutos, ou apostar numa gestão ativa dos principais pulmões verdes das cidades.
A própria edificação de novos empreendimentos é também de extrema importância e deve ser mais amiga do ambiente privilegiando, por exemplo, o por servirem como armazéns de carbono.
Importa ainda relembrar que, no contexto de restauro e conservação da natureza, cada pessoa tem um papel a cumprir. Neste ano a Hora do Planeta, o maior movimento global contra as alterações climáticas, que se celebra no dia 26 de março, é mais um momento em que a sociedade civil é chamada para assumir um compromisso para com o planeta, contribuindo para um futuro mais sustentável. A natureza é uma das maiores aliadas na luta contra as alterações climáticas e, neste momento, os ecossistemas enfrentam a maior perda de sempre, colocando em risco os recursos essenciais à vida na Terra. Chegamos, infelizmente, a um ponto em que já não basta proteger a natureza: é essencial unir esforços para restaurar o que já destruímos e preservar o que ainda está intacto.
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