É fácil viver a sustentabilidade em família?

É fácil viver a sustentabilidade em família?

 

O Dia Internacional das Famílias é uma data celebrada anualmente a 15 de Maio. O dia foi criado pela ONU em 1993, e reflete a importância que as famílias têm nas comunidades internacionais - e acabou por tornar-se também uma data que é utilizada para chamar a atenção para problemas familiares, e as decisões sociais, económicas e demográficas que afetam famílias em todo o mundo.

Neste Dia da Família, não quisemos deixar de celebrar, fazendo sempre a ligação ao mundo da sustentabilidade. Muitos de nós vivemos com os nossos pais, irmãos e avós, ou com namorados e companheiros. E sabemos que a sustentabilidade vivida “a dois” (ou mais!) pode tornar-se um verdadeiro desafio. Por isso, pedimos a toda a nossa equipa que partilhasse connosco as experiências que tem ao implementar rotinas mais sustentáveis nas suas casas. Achamos que vais adorar ler as respostas!

 

ZITA:

Considero que, a seguir à carne, a roupa é a pior indústria em termos de poluição. Na minha experiência recente de maternidade, optei por adquirir roupas de bebé em segunda mão e usamos fraldas reutilizáveis. Nas lavagens de roupa e loiça é importante encher bem as máquinas, optar por temperaturas baixas e programas mais longos. Não usamos guardanapos nem toalhetes descartáveis, usamos de algodão. Nos brinquedos, preferimos tecido e madeira ao plástico. Usamos luzes Led. Não usamos detergentes complexos, nem amaciador na roupa. Limpeza de gorduras difíceis fazemos com pressão de vapor, em vez de detergentes abrasivos. E tudo o que seja detergentes, cereais, leguminosas e farinhas é comprado a granel.

 

SARA:

A sustentabilidade em família nem sempre é fácil. Há barreiras que se erguem e/ou pensamentos derrotistas de que “não vale a pena” ou “é só mais uma cápsula de café descartável”… Mas a verdade é que todos os passos contam e tenho a sorte de viver com uma pessoa que pensa de igual forma!

Acreditamos que a sustentabilidade é um caminho e tentamos dar cada vez mais passos todos os anos. Desafiamo-nos mutuamente a fazer mais e melhor: seja a evitar o uso de plástico descartável, a usar champô sólido, a lavar a roupa com nozes de saponária, a deixar de comprar água engarrafada e usar o filtro de carvão ou até mesmo a fazer compostagem.

 

SANDRA:

Eu vivo sozinha; no entanto partilho todas as dicas e práticas sustentáveis que vou adquirindo com a minha família mais próxima, que é a minha filha Sara.
Mas o que eu coloquei em prática com esta minha família ( filha, neta e genro ;) ) foi cultivar mais emoções do que bens materiais! Passei a oferecer momentos em substituição de coisas. <3

 

BRUNA CARVALHO:

No ano passado fui morar com o Cristiano e tinha imensa vontade de fazer várias alterações em casa e na nossa nova rotina familiar (coisas que com os meus pais eram mais difíceis). Mas nem sempre essas mudanças eram entendidas por ele. O que é certo é que, ao começarmos a ver cada vez mais documentários sobre problemas ligados à sustentabilidade, à indústria massiva e ao minimalismo em casa, começámos a ter mais certeza das mudanças que temos a fazer.

 

BRUNA SILVA:

A sustentabilidade foi entrando na minha vida de forma gradual e natural, ainda na casa dos meus pais. Desde criança que me lembro de fazer reciclagem, de ver a minha mãe a fazer panos a partir de roupas velhas ou de ver o meu pai a trazer o pão num saco de pano. Já mais recentemente, há cerca de 10 anos, até colocámos um compostor no jardim - isto quando o tema ainda não era tão comum.

O desafio veio quando me mudei para a minha própria casa, juntamente com o meu namorado. Se, por um lado, esta mudança veio permitir-me fazer as minhas próprias escolhas, e ir mais a fundo nas boas práticas, por outro lado tive que saber lidar com o facto de, na altura, o meu namorado não ter qualquer tipo de sensibilidade para o tema. Neste momento é um interesse comum aos dois, e orgulhamo-nos das conquistas graduais que vamos fazendo, juntos, ao nosso ritmo, tornando-nos pessoas melhores a cada dia que passa.

 

SÓNIA:

Desde já, começo por dizer que a sustentabilidade começa quando somos ainda bem pequeninos. Ouvimos os pais para não desperdiçar alimentos, água ou luz, separar o lixo e reaproveitar roupas e brinquedos. Faz bem para a família, para a cidade e a natureza agradece.

Algumas atitudes que se deve praticar no nosso lar, são por exemplo:

- O consumo do ar-condicionado: a maior parte das vezes, uma janela aberta já resolve o problema do calor e ajuda a evitar que o dióxido de carbono suba para a atmosfera.
- Trocar as lâmpadas para fluorescentes para reduzir menos energia.
- Evitar luzes acesas durante o dia, optando por abrir portas e janelas.
- Evitar comprar produtos embalados em plástico.
- Fechar a torneira sempre que se escova os dentes ou no duche ou a lavar a louça.
- Usar um balde de água para diversas coisas ao invés de usar a mangueira.
- Aproveitar a água da chuva.

E termino com uma frase do escritor e filósofo Paulo Coelho que eu pessoalmente adoro.

“Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo.”

 

SOFIA:

A melhor forma de ter a família toda comprometida é explicar e envolver.

Por exemplo, os pequenos lá de casa já sabem que cascas de fruta vão sempre para o balde do composto.

Por outro lado, poupar água tem sido o maior desafio. A experiência com a água é mais forte do que qualquer explicação de que a gota dos oceanos precisa de ser poupada.

 

JANETE:

Cá em casa somos quatro, dois crescidos e dois pequenotes. Os crescidos vão procurando, ao seu ritmo, ter hábitos e rotinas mais sustentáveis e os mais pequenos têm hábitos que nunca foram questionados porque é assim desde que nasceram: separação do lixo para reciclagem, palhinhas reutilizáveis, roupa herdada de primos e amigos e doar as próprias roupas quando já não servem (é engraçado quando se encontram e vêem que têm a roupa uns dos outros), sacos reutilizáveis, filtro de carvão no jarro da água, guardanapos de pano...Fazemos estas alterações de forma gradual e natural, sem angústias... mas depois dá um quentinho no coração quando o nosso filho recebe uma medalha na escola  por saber, aos 4 anos, fazer a separação do lixo... alguma coisa andamos a fazer bem. ♥

 

MARTA:

Acho que viver a sustentabilidade em família é em iguais partes um desafio e uma felicidade. Ainda moro com os meus pais, e ambos não foram educados para a sustentabilidade durante a sua vida, e por isso noto que é difícil fazê-los entender a necessidade de algumas mudanças. Aliás, o meu pai ainda é daquelas pessoas que não compreende porque é que o pacote do leite tem de ir para o Ecoponto Amarelo, e de vez em quando lá encontro um pacote no caixote azul.

Mas também nos deixa de coração muito cheio quando vemos as pessoas de quem gostamos fazerem mudanças, por elas, por nós e pelo nosso futuro. E só o facto de tentarem, mesmo que às vezes a mudança não seja super imediata, já é muito importante. É maravilhoso ver a evolução e o nosso progresso.

 

DANIELA:

No que respeita a viver a sustentabilidade em família, é um caminho que todos temos feito de forma gradativa e confortável. Somos 5 a morar na mesma casa e consideramos que a comunicação e respeito são fundamentais.

Normalmente estamos em sintonia e procuramos que cada mudança, por mais pequena que seja, faça sentido para todos para que possa ser posta em prática. Exemplos disto são a reciclagem, aproveitamento/recolha da água do banho enquanto ainda não está quente, desligar luzes e equipamentos da tomada após utilização, usar sacos reutilizáveis para compras de bens essenciais, combinar previamente entre família as deslocações para evitar usar vários meios de transporte desnecessariamente, ir introduzindo aos poucos produtos de higiene mais sustentáveis (percebendo as preferências de cada um em termos de formatos ou marcas) preparar as refeições em casa para o trabalho, entre outros.

A mudança que inicialmente levou mais tempo e maior dificuldade em pôr em prática foi a redução de produtos de origem animal na alimentação em família. Enquanto que inicialmente eu, enquanto pessoa que procura fazer uma alimentação macrobiótica, tinha de preparar todas as minhas refeições à parte (o que não facilitava em termos de consumos de energia e praticidade), agora os restantes elementos da família, por iniciativa própria, propõem refeições vegetarianas e mostram-se mais disponíveis para experimentarem novos sabores e texturas. O que antes causava alguma dúvida ou estranheza, agora é apreciado por toda a família :)

 

RUI:

Acho que até hoje o mais difícil é fazer a reciclagem, que devia ser o mais simples. Mesmo com dois caixotes por vezes, antes de levar o lixo, tem de se separar coisas que estão no local errado.

A melhor coisa que toda a gente faz por aqui é aproveitar embalagens. Por exemplo aquelas pequenas sobremesas que vêm em copos de vidro - os copos são sempre guardados, para servirem mesmo de copos ou para quando é feita alguma sobremesa. As caixas de gelado também (apesar de serem em plástico) são guardadas para quando se faz gelado em casa.

 

SÉRGIO:

A parte mais gira da sustentabilidade em família é poder semear e incutir o amor pela natureza junto dos nossos filhos, o que não deixa de ser um desafio, pois nem sempre eles conseguem entender o que queremos partilhar.

No entanto, não há nada tão bonito como vê-los a abraçar uma árvore ou cheirar uma flor. <3

 

SARA CAETANO:

Cá em casa, desde que chegou o mais novo elemento da família, temo-nos deparado com um aumento na produção de lixo e outros desperdícios, que tem sido um verdadeiro desafio.

Vamos tentando optar pelo uso de produtos menos prejudiciais para o ambiente, como os produtos do banho e higiene. Fazemos reaproveitamento da água do banho da bebé para descargas na sanita, reduzindo o uso de água pelo autoclismo. Optamos também por pedir roupa emprestada a familiares de forma a otimizar o uso das mesmas que são usadas por um bebé durante um período de tempo tão curto.

E com o tempo esperamos encontrar novos caminhos de sustentabilidade no nosso dia-a-dia.

 

SARA GOMES:

Viver a sustentabilidade em família é um desafio, mas felizmente é cada vez mais possível. Viver num apartamento tornou-se numa dificuldade para dar uso aos restos de alimentos, não tendo terreno nem compostor, a solução acaba por ser deitar fora no lixo indiferenciado.

Um truque que não cansa e resulta sempre é realmente o aproveitamento da água. Até a água aquecer para lavar a loiça ou tomar banho guardamo-la em garrafões e posteriormente usamos para regar as plantas e flores.

Facilita muito o facto de sermos dois a viver a sustentabilidade. Por muito pouco que façamos é sempre bom querermos fazer mais e melhor, e é esse o espírito que vivemos cá em casa.