Quando pensamos em criar uma horta, achamos sempre que não temos espaço suficiente: ou porque moramos num apartamento, ou porque só temos uma varanda, ou porque o nosso jardim não é assim tão grande... Na hora de inventar desculpas, ideias não nos faltam! Mas a verdade é que, depois de começarmos a ver (e a colher) os benefícios que uma horta nos traz, pensamos sempre: porque é que não começámos mais cedo?
Por isso, hoje vimos dar-te algumas razões para dares esse passo em frente e abraçares a vida de agricultor, assim como dar-te algumas dicas de como tirares o máximo partido da tua horta (seja ela de que tamanho for).
AS VANTAGENS DE TER UMA HORTA
Ter uma horta traz vantagens a nível psicológico e emocional, pois é um verdadeiro escape ao stress e às rotinas do nosso dia-a-dia. Assim sendo, acaba por nos dar uma sensação de relaxamento e de alienamento dos problemas. Para além disso, ter uma despensa viva sempre disponível é um verdadeiro luxo. Mas as vantagens de ter uma horta não se ficam por aqui:
• Ao cultivarmos ervas aromáticas, alfaces e tomates, por exemplo, isso permite-nos comer alimentos mais frescos;
• Ao termos uma horta na nossa casa, acabamos também por comer de forma mais saudável. Não comemos nada com herbicidas nem pesticidas, como pode acontecer em produções maiores, havendo uma maior segurança e noção daquilo que estamos a ingerir;
• Ao cultivarmos diferentes legumes, isso também nos leva a fazer receitas mais saudáveis e com uma maior presença de vegetais;
• Ao semear, plantar e ver crescer, acabamos por ganhar um maior conhecimento sobre o que cultivamos. Passamos a conhecer a planta, o tempo que demora a crescer, como combater pragas... Para além disso, aprendemos também a valorizar;
• Sabemos que, por vezes, quando temos uma horta, há alturas em que parece que não conseguimos dar vazão a tudo o que vai nascendo. É por isso que é bom partilhar com os nossos amigos, família e vizinhos. Não há nada que nos encha mais de orgulho do que dizer que aqueles pimentos que estamos a dar fomos nós que plantámos e cuidámos;
• Seja pelo esforço e dedicação, seja pela não utilização de produtos químicos, a verdade é que, tudo o que sai da nossa horta, parece mais saboroso do que aquilo que compramos num hipermercado;
• Em último lugar, mas não menos importante, ao termos uma horta na nossa casa, estamos a promover a produção km0. Ou seja, não há uma pegada carbónica associada ao transporte, visto que podemos dar apenas 10 passos para apanharmos um ramo de coentros.
COMO TORNAR UMA HORTA PEQUENA NUMA HORTA GRANDE
Já te conseguimos convencer a ter uma horta em casa? Então, agora vamos falar sobre como a rentabilizar.
Se não tens muito espaço, podes começar simplesmente com vasos de ervas aromáticas no parapeito da janela da cozinha. Se tens a sorte de ter uma varanda, porque não criar um jardim vertical com aromáticas e alfaces, por exemplo? Se te calhou a sorte grande e tens um terraço, então a liberdade para cultivar é ainda maior: para além das aromáticas e de alfaces, podes ter também um tomateiro e um pimenteiro.
De facto, na hora de escolher o que plantar, as condições e a dimensão do teu espaço são essenciais. No entanto, não são os únicos aspetos a ter em conta! Para além de uma boa gestão de espaço, a decisão de escolher o que plantar também deve estar alinhada com os teus gostos. Assim sendo, opta por cultivar aquilo de que gostas e que consomes.
Vamos agora às dicas mais pormenorizadas de como tirar o máximo partido da tua horta:
• Cultiva em diferentes camadas de tempo: quando começamos a nossa horta, é natural plantarmos ou semearmos tudo ao mesmo tempo. Mas, em algumas situações, isso pode ser um problema. Por exemplo, se plantares 10 alfaces de uma só vez, o mais natural é que todas fiquem prontas para ser colhidas simultaneamente. Assim sendo, vais passar uma semana inteira a comer alface e, depois disso, vai estar mais um mês à espera de novas. Para evitar esta situação, começa por plantar duas alfaces, passado uma semana planta outras duas e por aí fora. Desta forma, será mais fácil de garantir que tens alimentos novos todas as semanas;
• Cultiva em diferentes camadas de espaço: se pensares na tua horta de forma horizontal, o espaço acaba por ser limitado. Contudo, se pensares verticalmente, o céu é o limite (ou então o teto...)! Para tirares máximo proveito de um espaço limitado, cria floreiras com diferentes andares;
• Escolhe legumes que cresçam mais depressa: quando o espaço é pouco, não vale a pena “empatar” a nossa mini produção caseira com couves, batatas ou cebolas, por exemplo, que demoram vários meses a crescer. Dá preferência a legumes que cresçam mais rapidamente, como é o caso de alfaces, pimentos, espinafres, sem esquecer as ervas aromáticas;
• A consociação de culturas e a sua importância: numa horta biológica, independentemente do seu tamanho, a biodiversidade deve ser um fator-chave a ter em conta. Devemos tentar introduzir o máximo de plantas diferentes no mesmo espaço e até mesmo tirar proveito disso. É aqui que entra a consociação de culturas, que consiste no cultivo de duas ou mais culturas próximas umas das outras, de forma a obter benefícios entre elas. Por exemplo, se tiveres um tomateiro, deves ter um manjericão cultivado na mesma terra. Dessa forma, o tomate que nascer vai ser mais saboroso. Também as flores têm um papel muito importante no equilíbrio da nossa horta, pois vão atrair os polinizadores. Mas, se por um lado, há culturas que se complementam, há também culturas completamente antagónicas: é o caso, por exemplo, da abóbora e da batata e dos morangueiros e das couves.
Se, mesmo com estas dicas, o espaço da tua horta não é assim tão grande, não desanimes. Há que pensar que, quanto menor o espaço, mais concentradas as nossas energias podem ser!
Fonte:
https://acientistaagricola.pt/consociacao-de-culturas-horta-biologica/
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